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O mundo em 2023

Será 2023 um ano comparável a esse que o antecedeu? Elaboramos dez cenários prospectivos para instruir na navegação do mundo que vem por aí

Dawisson Belém Lopes, para Headline Ideias
#MUNDO6 de jan. de 235 min de leitura
Uma senhora espia atrás da janela quebrada de sua casa em Chasiv Yar, leste da Ucrânia, em 5 de janeiro. Foto: Dimitar Dilkoff/AFP
Dawisson Belém Lopes, para Headline Ideias6 de jan. de 235 min de leitura

2022 foi ano absolutamente memorável. Ao longo de 365 dias, uma coleção de eventos impactantes transformou nossa experiência mundana. Da disseminação da variante ômicron do vírus Sars-Cov-2, nas primeiras semanas de janeiro, até o falecimento de um papa e do maior esportista do século 20, nas últimas horas de dezembro, não houve tempo para refresco.

Testemunhamos, em fevereiro, o deslanchar de uma guerra que redefiniu as relações internacionais contemporâneas; em setembro, o falecimento da mais longeva monarca da história do Reino Unido; entre setembro e dezembro, os protestos, inéditos em escala, nas ruas de Teerã e Xangai; no curso de 12 meses, as maiores taxas de inflação monetária, no hemisfério norte global, por décadas de medição; em abril, maio e outubro, as duras e decisivas eleições presidenciais de Colômbia, França e Brasil. Para não falar dos eventos da natureza, de dimensões cada vez mais avassaladoras e preocupantes.

Será 2023 um ano sequer comparável a esse que o antecedeu?

Listamos, abaixo, dez cenários prospectivos para instruir nossa leitora e nosso leitor na navegação pelo mundo que vem por aí.

1. A longa guerra

Rússia e Ucrânia não dão sinais de que a solução pacífica para a guerra está no horizonte de seus líderes. Ações bélicas recentes, do lado de Putin, indicam disposição para levar o conflito até as (pen)últimas consequências. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por sua vez, não tem espaço para retroceder e, até o momento, conta com apoio de seus aliados da OTAN.

2. China em revisão de rumos

O Império do Meio passa por trepidações de importante magnitude, seja na gestão da sua economia, em desaceleração programada, seja na maneira como lida com a pandemia de covid, ora agravada pelo espalhamento da variante ômicron por todo o seu território. A questão taiwanesa é só mais um complicador.

3. EUA em tensão pré-eleitoral

2023 será momento de definição para o trumpismo entrincheirado. Depois de um desempenho eleitoral nas midterms bastante aquém das projeções mais otimistas, republicanos terão de processar suas diferenças e buscar uma estratégia que possa fazer frente a Biden, em 2024. Não será simples.

4. A Índia sobe

Sexta maior economia do mundo, prestes a tornar-se o país mais populoso do planeta, a Índia vive onda de otimismo e quer projetar-se como superpotência global. Estará, em 2023, na presidência do G20. A simbólica presença de primeiros-ministros de origem indiana em Inglaterra (Sunak) e Irlanda (Varadkar) ajuda a reforçar a sensação de grandeza.

5. Europa, estado de espírito

A guerra na Ucrânia coesionou militarmente a Europa e a OTAN, mas não foi capaz de restituir dinamismo econômico à União Europeia. O Reino Unido segue às voltas com o fantasma Brexit. Inflação de alimentos, escassez energética e secas perturbam as sociedades nacionais. Hungria e Polônia projetam sombras de autoritarismo. Acesso de novos membros a OTAN/UE voltará a ser cogitado.

6. Um outro Oriente

O Oriente Médio já não é mais o mesmo. Países do Golfo aceleram a sua transição para economias digitais baseadas em serviços, ao passo que Israel negocia um modus vivendi com árabes. Disrupções podem vir do Mar Egeu: a Turquia de Erdogan, em ano eleitoral, e as migrações descontroladas de sírios. Irã segue como foco de tensão.

7. Hora e vez da África?

A pandemia adiou a chegada da “primavera africana” – e segue cobrando um pedágio econômico alto em 2023. China, EUA e Europa disputam influência no continente; Índia, Turquia e Brasil correm por fora. Os africanos, por seu turno, reivindicam tratamento soberano. Projetos de cooperação precisam levar em consideração a perspectiva afrofuturista.

8. A integração latino-americana renasce

O realinhamento de líderes à esquerda contribui para a retomada de projetos de integração na região. A vitória de Lula, em particular, pode significar a ressurreição da Unasul e da Celac. Seu trânsito entre diferentes matizes ideológicas estabelece condições favoráveis para o início da transição política na Venezuela. Cooperação amazônica em alta.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, gesticula durante a cerimônia de posse do vice-presidente Geraldo Alckmin como ministro da Indústria e Comércio, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 4 de janeiro de 2023. Foto: Evaristo Sá/AFP
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, gesticula durante a cerimônia de posse do vice-presidente Geraldo Alckmin como ministro da Indústria e Comércio, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 4 de janeiro de 2023. Foto: Evaristo Sá/AFP

9. O último tango?

A Argentina pode enfrentar, em 2023, o seu momento Brasil-2018. Com a esquerda desgastada e o cerco ferrenho ao kirchnerismo, o país parece propenso a pendular novamente em direção à direita. A ver, ademais, se as forças do establishment serão capazes de conter a ascensão da ultradireita anti-institucional (Milei).

10. Brasil, potência agroambiental

Grande exportador de commodities, Brasil de Lula e Marina buscará ativamente um “rebranding” no mapa da governança ambiental, após desastrosa gestão presidencial de Bolsonaro. Reaproximação com europeus vai a reboque dessa mudança de rumos. Liderança latino-americana exercida pelo país também estará amparada na premissa ambiental.

Esta nota promissória poderá ser descontada em 31 de dezembro de 2023.

Feliz Mundo Novo!

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Dawisson Belém Lopes